Os programas anti-estigma devem se concentrar em melhorar o conhecimento, as atitudes e os comportamentos dos principais públicos-alvo que fariam a maior diferença na vida das pessoas que vivem com demência. É claro que as pessoas que vivem com demência precisam estar no centro de qualquer iniciativa anti-estigma. O envolvimento pode incluir diálogo contínuo e participação entre um grupo central, mas também oportunidades para se envolver em atividades pontuais. Ao identificar um grupo alvo, é importante refletir sobre quem e o que precisa mudar.
Em relação a quem, as iniciativas anti-estigma podem se concentrar, por exemplo, em profissionais de saúde e assistência social, mídia, formuladores de políticas e líderes religiosos ou comunitários; mas também requer trabalhar em conjunto com famílias e pessoas próximas às pessoas que vivem com demência e seus familiares cuidadores para ajudá-los a fornecer compreensão e apoio e reduzir o preconceito e os comportamentos discriminatórios mais comuns. As pessoas que exercem algum poder ou autoridade sobre as decisões de vida e oportunidades vivenciadas por pessoas que vivem com demência devem ser priorizadas como público-alvo.
Em relação ao quê, é importante pensar nos comportamentos e atitudes que são mais prejudiciais ou mais injustos em relação a restringir as oportunidades e o bem-estar das pessoas que vivem com demência. Existe alguma desinformação, preconceito ou estereótipos que contribuem para esse tratamento injusto? Uma vez identificados, é importante trabalhar em conjunto com o público-alvo para desenvolver estratégias de mudança que sejam adequadas ao contexto, usem uma linguagem compreensível e sejam implementadas de forma a atingir o público-alvo.
Uma abordagem colaborativa entre pessoas que vivem com demência e membros do público-alvo pode permitir que os membros do público-alvo assumam a responsabilidade de implementar mudanças. Usar um formato de diálogo pode ser útil para não ser muito prescritivo sobre como a mudança acontece e permitir abordagens diferentes e múltiplas que são adaptadas para se adequar ao contexto e ao público.
Finalmente, é útil ter em mente que uma abordagem que se concentra em fazer as pessoas se envergonharem pelos seus atos e comportamentos pode nao surtir o efeito desejado, pois as pessoas podem sentir que estão sendo "castigadas" ou instruídas sobre como agir e, em alguns casos, isso pode encorajar ainda mais comportamentos negativos. Conforme discutido ao longo deste kit de ferramentas, as estratégias de mudança precisam integrar o contato social e o compartilhamento de histórias pessoais para comunicar mensagens. Em alguns casos, pode haver membros do público-alvo (por exemplo, profissionais de saúde) que vivem com demência e são capazes de compartilhar sua experiência pessoal de uma perspectiva privilegiada.
Consulte as pessoas que vivem com demência para identificar os grupo alvos – as considerações devem abordar quem (por exemplo, profissionais de saúde e assistência social) e quais comportamentos e atitudes precisam mudar.
Equilibrar o alcance de grupos influentes e figuras de autoridade e também aqueles que entram em contato frequente com pessoas que vivem com demência, mas que também detêm o poder (ex. familiares cuidadores).
Identifique aliados e parceiros que possam ajudar a trabalhar com o grupo-alvo. Se, por exemplo, optar-se por atingir profissionais de saúde, pode ser importante trabalhar com parceiros que também sejam profissionais de saúde para se conectar efetivamente com este grupo-alvo específico.
As mensagens devem ser passadas por pessoas com experiência vivida.
Colaborar com aliados ou que são de alguma forma parte do grupo-alvo pode ajudar a moldar uma estratégia de mudança que os alcance. Isso inclui o uso de linguagem ou abordagens que eles entendem e com as quais se sentem confortáveis.
Considere as mensagens que não são excessivamente prescritivas ou que se baseiam em envergonhar ou estigmatizar, pois às vezes podem nao surtir o efeito desejado já que as pessoas podem sentir que estão sendo instruídas sobre o que pensar ou "castigadas". Colaborar com parceiros pode fazer com que eles se sintam mais co-rresponsáveis pela causa, o que permitiria uma reflexão mais profunda sobre mudanças mais significativas.