O contato social é o contato direto e pessoal entre pessoas do público em geral e pessoas de grupos estigmatizados, como pessoas que vivem com demência e seus familiares cuidadores. Essa estratégia é um dos métodos mais eficazes para reduzir o estigma e a discriminação e há vários estudos que fornecem evidências para essa abordagem.1,2
O contato social pode funcionar por meio de um ciclo virtuoso em que as pessoas falando abertamente sobre sua demência reduzem mitos e equívocos, levando a uma redução no estigma social e, portanto, a um ambiente mais favorável para que mais pessoas falem sobre os seus diagnósticos e quebrem ainda mais o estigma e a discriminação. De fato, o contato social tende a ser mais memorável e duradouro do que as intervenções do tipo puramente educacional.
Pesquisas sugerem que, com o tempo, as pessoas tendem a esquecer fatos e números, enquanto os efeitos de histórias pessoais compartilhadas por pessoas com experiência vivida causam impactos e mudanças duradouros nas pessoas.
Para ser eficaz, o contato social precisa ser mais do que simplemente unir as pessoas. Deve facilitar oportunidades significativas para as pessoas que vivem com demência e seus cuidadores compartilharem suas experiências, criarem conversas e mudarem de opinião. A qualidade do contato social é mais importante do que a quantidade. Existem cinco fatores que podem facilitar o contato social significativo e que podem aumentar a intimidade e o potencial de amizade, enquanto reduz o medo3. Esses incluem:
Igualdade de status entre grupos (de pessoas com e sem demência)
Trabalhar para um objetivo comum
Cooperação intergrupal
Apoio de autoridades, leis ou costumes
Potencial de amizade
Eventos ou atividades de contato social devem ter como objetivo reforçar esses cinco elementos.
Como o estado de demência de uma pessoa não é uma característica visivelmente aparente, a revelação ou compartilhamento do diagnóstico é um fator chave em qualquer evento de contato social. Por isso, é importante facilitar um ambiente positivo que apoie a revelação do diagnóstico e apoiar as pessoas que vivem com demência durante todo o processo, desde pensar sobre como e que informacões partilhar, até garantir que recebam apoio durante e após o evento e garantir que sejam tratados(as) com respeito.
O contato social pode ser realizado por meio de eventos e atividades presenciais ao vivo ou por meio de eventos virtuais online, filmes ou vídeos. Embora o contato social pessoal seja o método mais eficaz, nem sempre é viável. Há evidências, no entanto, de que o contato social também pode ser realizado por meio de eventos virtuais, entrevistas em filmes ou vídeos4. Podem também integrar atividades de lazer que exijam trabalho em equipe e colaboração entre as pessoas que vivem com demência e o público em geral ou outros grupos-alvo.
Há também outros exemplos criativos de realização de eventos ao vivo, como Bibliotecas Humanas, onde pessoas com identidades estigmatizadas podem ser 'examinadas' e usar conversas e experiências pessoais para refutar mitos e estereótipos e até facilitar amizades. (https://humanlibrary.org/) Seja qual for a atividade utilizada, é importante que facilite o diálogo, o compartilhamento da experiência vivida e a conversação.
References:
1 Al Ramiah A, Hewstone M. Intergroup contact as a tool for reducing, resolving, and preventing intergroup conflict: evidence, limitations, and potential. Am Psychol. 2013 Oct;68(7):527-42. doi: 10.1037/a0032603. PMID: 24128316.
2 National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. (2016). Ending Discrimination Against People with Mental and Substance Use Disorders: The Evidence for Stigma Change. Washington, DC: The National Academies Press. doi: 10.17226/23442
3 Brown, R., & Hewstone, M. (2005). An integrative theory of intergroup contact. Advances in Experimental Social Psychology, 37,255–343. doi:10.1016/S0065-2601(05)37005-5
4 Janoušková, M., Tušková, E., Weissová, A., Trančík, P., Pasz, J., Evans-Lacko, S., & Winkler, P. (2017). Can video interventions be used to effectively destigmatize mental illness among young people? A systematic review. European Psychiatry, 41(1), 1-9. doi:10.1016/j.eurpsy.2016.09.008
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